As maiores emoções da minha vida

A década de 80 foi uma das melhores da minha vida. Frank Sinatra chega ao Rio para um show no Maracanã, e a Globo me contrata para o evento, que para mim, é o que poderia ser de melhor, estar junto daquele que me fez deslizar nos bailes da minha vida, curtindo dançar ao som de seus long plays. Aloísio Legey é o diretor do evento e, tentamos usar pela primeira vez o Steadicam. Premiado no Oscar (1978) como – a maior invenção de equipamento para cinema.

 

O Steadicam é um acessório usado para estabilizar a camera, em movimento. São três peças que compõe o equipamento: 1- Vest (colete ajustado ao corpo do operador), 2- Arm (braço mecânico articulado), 3- Slad (aste pendular, com a camera, monitor e bateria). Na realidade, o braço articulado é que faz o papel do amortecedor, e com isso, suaviza os movimentos da camera em movimento. Afinar o instrumento, é como dizemos, comparando com instrumento musical. O balanceamento do pêndulo, para nivelar a camera, ajustar as molas do braço, tencionando para subir a camera, e vice-versa. Depois de afinado, é só tocar. Flash Back – quando abri os cases no Maracanã, me emocionei, querendo montar logo, mesmo sem saber. Consegui, mas as baterias estavam descarregadas.

“Depois disso me efetivaram como funcionário, para gravar as series que Daniel Filho dirigiu: MALU MULHER, PLANTÃO DE POLÍCIA, CARGA PESADA, O BEM AMADO, AMIZADE COLORIDA e outros. Tudo feito com Steadicam, “a febre do momento”. Viajamos para Londres, com a novela de Doc Comparato, BRILHANTE, depois, de volta ao Brasil, fizemos a série QUEM AMA NÃO MATA, também de Daniel Filho. Aloísio legey, era na época o diretor musical do Fantástico e me designou para dirigir um clipe do Gilberto Gil em NY. De lá, fui com Ítalo Granato, meu produtor, para Los Angeles dirigir outro clipe com Sérgio Mendes. Foi ótimo! Na volta ao Brasil, recebi um convite de Edgar Moura, para fazer um longa metragem . Estávamos gravando a mini-série PARABÉNS PRA VOCE com Daniel.Que maravilha, a globo me deu 8 semanas de licença para fazer o CANGACEIRO TRAPALHÃO , filme de Daniel Filho, sua maior produção cinematográfica.

Duas BL2 zeradas, completas, impressionante! Os assistentes eram Nonato Estrela e Jacques Cheuiche, meus queridos irmãos e sócios da N3 produções, (nós três). Outro convite para novo filme dos trapalhões, e tive que pedir demissão da Globo. O cinema me abriu os olhos, para a direção de fotografia, me preparando para a série de Washington Novaes, XINGU, em 1984.

O primeiro prêmio internacional, em Seul 1985. Vencemos o Festival de Seul de documentário científico, disputando com Jacques Cousteau (Amazônia). O aprendizado da vida que tivemos, junto com os índios nos 60 dias, foi como uma viagem no túnel do tempo. Agradeço ao Washington a oportunidade que mudou minha vida .(“depois de viajar 4 horas de barco pelo rio Culuene, a aproximação do porto da aldeia, foi brindada com a imagem de um índio Waurá nu, todo pintado e paramentado, com uma grande lança na mão , cercado de um turbilhão de borboletas amarelas em sua volta”) Em 1987, OS CAMINHOS DA SOBREVIVÊNCIA , série de Washington Novaes, pela rede Manchete, foi outro sucesso, com 2 programas sobre o Pantanal mato-grossense. Voamos duas semanas de balão, com convidados: Walter Carvalho, na segunda unidade, Siron Franco nas direção de arte e comentários de Carmo Bernardes.

Jaime Monjardim encantou-se com o seriado e, em 1990, me convidou para fazer a novela de Benedito Rui Barbosa, PANTANAL, que foi o maior acontecimento na história da telenovela brasileira. Jaime também me designou para dirigir o Making Off do Pantanal. Década abençoada!

Marcelo Dantas, em 1997, me convida para fotografar uma série sobre comportamento, apresentada por Lúcia Veríssimo, Terra Brasil, com 40 episódios no GNT, que ganhou um prêmio no ano seguinte no NY Festivals.

Em 1998 conheci Sérgio Bernardes, grande documentarista e apaixonado pelo Brasil. Realizamos a maior captação de imagens do nosso país. Durante um semestre inteiro, viajamos de norte a sul, leste-oeste, para filmar em super 16 mm, o documentário Cauê Porã, encomenda da Embratur (Secom), mostrando as belezas de nossa terra, com mais de 60 horas de material folclórico e a fantástica beleza natural das 5 regiões do Brasil. Em 1999, foi muito especial, fui pro Pantanal com a Valéria Del Cueto, filmar o curta mais exibido em festivais, A História sem fim do rio Paraguai… o relatório, visitamos em 20 dias, a população ribeirinha em mais de 1400 km de rio, (ida e volta).

Em seguida dirigi meu primeiro institucional RIOTUR, “Rio Incomparável!”, com mais de trinta atores, nos diversos pontos turísticos do Rio, em cinco versões, super 16 mm.

Em 2000, viajamos para visitar 7 países da Europa, França, Itália, Alemanha, Suíça, Dinamarca, Noruega, Suécia, numa série também dirigida por Washington Novaes, “O DESAFIO DO LIXO”, para a TV Cultura. Esta viagem foi uma experiência fantástica! Num total de 40 dias, uma equipe de 7 pessoas numa big-van, conseguimos rodar 10 mil km, visitando três cidades, em média, para cada país.

Washington além de jornalista é um excelente historiador, contando, a cada lugar histórico que passávamos os fatos relevantes da nossa civilização. Como ele já havia feito este mesmo percurso, levamos vantagem nos restaurantes e hotéis que nos hospedamos. Meu companheiro, técnico de som, Antônio Gomes ( Toninho), que sempre me acompanha nessas aventuras com o Washington, é que adorava os almoços e jantares, nos melhores restaurantes dos lugares. Lembrando de todos os momentos que passamos juntos, acredito que foram os melhores momentos de nossas vidas!

Outros 40 dias passamos nos Estados Unidos, visitando 7 estados, New York, Chicago, São Francisco, Washington, Deserto de Nevada e Toronto, no Canadá. Visitando usina atômica, de reciclagem, aterros sanitários, fundições, e tudo o mais com aquele cheiro peculiar… Mas, depois de um banho, tudo volta ao normal. Esta expedição foi via aérea, pelas longas distâncias. Da mesma forma, hospedagens e refeições exemplares.

Em NY fomos barrados na portaria do World Trade Center. Pretendíamos fazer um take, lá do terraço, mas cobraram U$15.000,00!!!!! Resolvemos então gravar a fachada, o segurança não deixou e saímos chocados, mas conseguimos gravar os prédios a longa distância. Um ano depois eles já não existiam.

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4 comentários

  1. ola amigo..
    gostaria de adquirir um sted cam.. onde sugere que posso fazer uma boa compra.. se puder me ajudar, ficarei grato.abraço

  2. Muito bom este texto, me fez viajar nas possibilidades que o jornalismo pode me oferecer. Agora é correr atrás e me preparar para que em um futuro bem próximo eu possa ter histórias tão maravilhosas para contar. Você é o meu espelho para ir adiante.
    Abração

  3. Eae meu brother, blz
    Eu sempre vi seu blog mais nunca tinha entrando.
    Mais também ao entrar ñ quero sair mas…
    Essas histórias de vida sua parecem ser bein devertidas, rs
    E também deu pra ver uma boa parte de como vc é bom no que faz.
    Lula abração meu brother
    saudades suas…

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